quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O que libera a vítima?

O texto de hoje vem tratar de um tema muito forte e controverso,  principalmente, se você está tendo seu primeiro contato com as Constelações Familiares através dele. Sugiro a leitura dos posts anteriores para "clarear as ideias", depois volte pra cá pra seguir.

O tema abuso sexual é sem dúvida alguma um tema extremamente delicado e necessita um olhar, sempre, muito atento por parte da pessoa que ouve a história. Então, se você conhece alguém que passou por esta situação, ou se algum dia ouvir uma história de abuso, atente-se às palavras de Bert Hellinger, no livro "Ordens do Amor".
Ps.  O trecho é transcrito de um seminário onde os participantes fazem perguntas e levam seus temas e Hellinger os responde e constela, quando necessário.

"O que ajuda as vítimas de incesto

DAGMAR: ... O que ainda desejo para mim tem mais a ver com a profissão. Gostaria de saber melhor como lidar com clientes que sofreram abuso sexual em casos de transgressão de limites.

HELLINGER: O abuso sexual de crianças no incesto frequentemente resulta de um desequilíbrio entre o dar e o tomar. Uma constelação usual, nesses casos, é aquela em que uma mulher, que tem uma filha de um matrimônio anterior, se casa com um homem sem filhos. Isso gera um desnível, pois o marido precisa cuidar da menina, embora não seja sua filha. Portanto, deve dar mais do que recebe. Talvez a mulher ainda exija isso dele expressamente. Com isso, aumenta mais a diferença entre o dar e o receber, entre ganhos e perdas. O sistema passa a ser dominado por uma irresistível necessidade de compensação, e a maneira mais fácil de obtê-la é que a mulher leve a filha ao marido, para compensar. Esta é a dinâmica familiar que frequentemente está por trás de um incesto. Não é, porém, uma regra geral, pois também existem outras dinâmicas.
 
Aqui, de maneira bem clara quando existe desequilíbrio entre o dar e o tomar, mas também em outras formas de abuso sexual de filhos, quase sempre ambos os pais estão envolvidos, a mãe num segundo plano e o pai no primeiro. Só poderá haver solução quando a situação for encarada em sua totalidade. 

Qual seria então a solução? Em primeiro lugar, nesses casos, parto do princípio de que tenho de lidar com a vítima e meu interesse é ajudá-la. Meu interesse como terapeuta não pode ser o de perseguir os autores, porque isso absolutamente não ajuda a vítima.
 
Quando, por exemplo, uma mulher conta num grupo que sofreu abuso sexual por parte do pai ou do padrasto, digo-lhe que imagine sua mãe e lhe diga: “Mamãe, por você faço isso de boa vontade.” De repente surge um novo contexto. E digo-lhe que imagine seu pai e lhe diga: “Papai, pela mamãe faço isso de boa vontade.” Subitamente, vem à luz a dinâmica oculta e ninguém consegue mais comportar-se como antes.

 
 
Quando uma situação ainda é atual e, portanto, tenho de trabalhar com um dos pais, por exemplo com a mãe, eu lhe digo, na presença da criança: “A filha faz isso pela mamãe”, e faço com que a criança diga à mãe: “Por você faço isso de boa vontade.” Então termina o incesto: ele não tem condições de prosseguir. Quando o marido está presente, faço com que a criança lhe diga: “Eu faço isso por mamãe, para compensar.” De repente, a criança se vê e se reconhece como inocente. Já não precisa sentir-se culpada.
 
O segundo ponto é que ajudo a criança a recuperar a própria dignidade, porque o incesto é também vivido por ela — falando sem meias-palavras — como uma desonra. Então conto uma pequena história de Johann Wolfgang Goethe. Ele escreveu um poema chamado “Sah ein Knab ein Röslein stehn" (Um rapaz viu uma rosinha), que termina com estas palavras: “O selvagem rapaz arrancou a rosinha do prado. Ela se defendeu e o espetou, mas de nada lhe adiantou chorar, pois teve de sofrer. Rosinha, rosinha, rosinha vermelha, rosinha do prado!”
E então conto um segredo: a rosa conservou seu perfume!
 
Terceiro ponto: para muitas crianças, a experiência é também prazerosa. Entretanto, elas não podem confiar em sua percepção de que é ou foi prazeroso, porque é dito à sua consciência, principalmente pela mãe, que isso é mau. Então elas ficam desorientadas. A criança deve poder dizer que a experiência foi prazerosa, se foi o caso. Ao mesmo tempo, precisa certificar-se de que é sempre inocente, mesmo que a experiência tenha sido prazerosa. Uma criança procede infantilmente quando é curiosa e deseja fazer essa experiência; não obstante, permanece inocente. Quando o prazer é condenado nesse contexto, o sexo aparece sob uma luz estranha, como se fosse algo terrível. Nesse contexto, o incesto apenas antecipa uma experiência necessária. Falando com uma certa frivolidade: algo que faz parte do desenvolvimento humano acontece prematuramente à criança. Quando lhe digo isso, ela se sente aliviada.
 
Em quarto lugar, existe a ideia de que a criança ficará inibida em seu desenvolvimento posterior. Isso é verdade. A criança é inibida em seu desenvolvimento porque através da experiência sexual (seria excessivo falar, neste caso, de consumação sexual) nasce um vínculo entre a menina e o autor do abuso. A criança não poderá ter mais tarde nenhum novo parceiro, se não reconhecer e honrar o seu primeiro vínculo. Isso se torna difícil para a criança quando essa experiência é condenada e seu autor é perseguido. Quando, porém, a criança assume essa primeira experiência e esse primeiro vínculo, ela os integra numa nova relação, superando e resolvendo a primeira experiência. A atitude de indignação ao lidar com esse assunto impede a solução e prejudica a vítima.
 
CLAUDIA: O que acontece com o vínculo quando a experiência não foi prazerosa nem bela para a criança?
 
HELLINGER: O vínculo se cria, apesar de tudo. Entretanto, após a experiência, quer tenha sido dolorosa ou prazerosa, a criança sempre tem o direito de estar zangada com o autor, pois em qualquer caso sofreu injustiça. Ela precisa dizer a ele: “Você cometeu injustiça comigo e isso eu nunca lhe perdoarei.” Agindo assim, ela empurra a culpa para o autor, toma distância e se retira. Mas não precisa envolver-se emocionalmente em sua zanga quando o recrimina, pois essa emoção a ligaria ainda mais fortemente a ele. Estabelecendo limites claros, ela se livra dele. Brigas e recriminações não trazem solução. “Solução” é um termo de duplo sentido. A solução consiste sempre em soltar-se de algo. Na briga não existe solução, porque ela prende.
Existe outra coisa muito importante, em termos de sistema. Do ponto de vista sistêmico, o terapeuta deve conectar-se sempre com a pessoa que está sendo condenada. Você precisa, portanto, desde que comece a trabalhar com isso, dar ao autor do abuso um lugar em seu coração.
 
DAGMAR: No meu?
 
HELLINGER: Sim, no seu coração. Do contrário você não poderá encontrar solução, nem mesmo para a vítima. Você precisa pressupor que o autor está enredado, embora ainda não saiba de que maneira. Se você pudesse ver esse envolvimento, poderia entender totalmente essa pessoa. Com essa atitude, você tem um acesso totalmente diverso para lidar bem com o assunto. E mais ou menos assim. Deixei claro?
 

 

JOHANN: Me surpreende que a criança, ou a vítima, não perdoe o autor. Mesmo assim ela poderá desprender-se?
 
HELLINGER: Perdoar é uma presunção. Isso não compete à criança. Quando ela perdoa, é como se também pudesse tomar a culpa para si. Ninguém pode perdoar, exceto quando a culpa é recíproca. Nesse caso, perdoando-se reciprocamente, as pessoas se permitem um novo começo. Mas a criança deve dizer: “Isso foi mau, eu deixo com você as consequências mas, apesar disso, faço algo de bom com minha vida.”. 
Quando uma criança que sofreu abuso sexual começa mais tarde um relacionamento feliz, isso também é um alívio para o autor do abuso. Quando, ao contrário, a vítima se deixa ficar mal, isso representa também uma vingança contra o autor. As coisas são totalmente diversas conforme sejam vistas no fundo ou na superfície.
 
CLAUDIA: Quando o abuso foi muito prazeroso para a criança, frequentemente se nota que ela passa a abordar outros adultos da mesma forma. Com isso, volta a ser recriminada, provocando uma avalanche de “isso não pode ser” e “isso é mau”.
 
HELLINGER: Quando a criança aborda outros adultos dessa maneira, está dizendo aos pais: “Sou uma prostituta. Sou eu a culpada pelo abuso. Vocês não precisam ficar com a consciência pesada.” O que provoca essa atitude é, mais uma vez, o amor da criança. Quando digo isso à criança, ela se sente boa, mesmo nesse contexto. E preciso procurar sempre pelo amor. E lá que se encontra também a solução.
 
DAGMAR: Onde jamais encontro amor é no domínio da pornografia infantil.
 
HELLINGER: Esse tipo de objeção lhe tira a possibilidade de compreender.
 
DAGMAR: Agora não entendi isso.
 
HELLINGER: Deve-se contar com o amor como pressuposto em qualquer situação. Posso vivenciar algo como muito mau sem condenar ninguém. Preciso buscar sempre como resolver um envolvimento; antes de tudo, como resolvê-lo para a vítima. Quando a vítima se retira de tudo e deixa com os perpetradores a culpa e as consequências de suas ações, e quando faz disso algo de bom para si — o que está em suas mãos —, então o que passou é deixado para trás e fica resolvido para ela. Entretanto, quando sobrevém qualquer emoção do tipo “Agora precisamos entregar o autor à justiça”, fecha-se para a vítima o caminho da solução. Um terapeuta que se permite tal emoção prejudica muito o cliente.
Menciono um exemplo. Certa vez, num grupo para psiquiatras, uma psiquiatra contou, cheia de indignação, que uma de suas clientes foi violentada pelo próprio pai. Então eu lhe disse que configurasse o sistema familiar da cliente, colocando-se, como terapeuta, no lugar que julgasse correto para si mesma. Ela imediatamente colocou-se ao lado da cliente. Todos os integrantes do sistema ficaram zangados com ela e nenhum deles confiou nela. Então coloquei-a ao lado do pai. Todos no sistema ficaram tranquilos e tiveram confiança nela, e a cliente ficou muito aliviada.
 
HELLINGER: Não se pode excluir ninguém de um sistema, exceto em casos de crimes muito graves, e o incesto raramente se inclui entre eles. A solução consiste em acolher de novo todos os que foram excluídos. Isso se consegue melhor quando dirigimos nosso olhar não apenas para o pai, como o autor manifesto, mas também para a mãe, como a autora secreta e “eminência parda” do incesto. Quando o terapeuta se conecta apenas com a vítima e não com o sistema como um todo, trabalha de uma forma que apenas piora toda a situação. Esta é a consequência, e ela vai bem longe.
 
O que ajuda os perpetradores
 
BRIGITTE: E o que faz você quando trabalha com os perpetradores?
 
HELLINGER: Falaria com eles apenas individualmente e num local protegido. Em primeiro lugar, eu lhes perguntaria se eles veem um caminho que ajude a vítima a libertar-se do que aconteceu e do autor do abuso, e a direcionar para o próprio bem a dor que sofreu e suas consequências. Nesse momento, eles não precisam defender-se e ganho a sua colaboração. Um primeiro passo adicional seria que eles sentissem a dor. Essa dor é, basicamente, um processo interno. Às vezes, contudo, é acertado que também digam à criança: “Sinto muito pelo que fiz com você.” Isso alivia a criança e a ajuda mais do que quando se persegue o autor do abuso. Isso, porém, já é suficiente.
Os autores não devem explicar, justificar, embelezar ou condenar diante da vítima o próprio procedimento. Igualmente não devem confessar à criança sua culpa e pedir-lhe perdão, nem esperar ou exigir dela algo que os alivie. Isto seria uma nova agressão que aumentaria a sobrecarga da criança e reforçaria o vínculo que a liga aos autores do abuso. Isso também vale, aliás, para as mães que estavam cientes.
Mesmo que sejam culpados, os pais continuam sendo pais e conservam sua posição de precedência e superioridade em relação aos filhos. Por isso o assunto não deve ser discutido, nem entre pais e filhos, nem diante de terceiros — por exemplo, de psicoterapeutas. Isso humilha os pais diante dos filhos e também humilha os filhos, mesmo que pareça fazer-lhes justiça. Pais humilhados estão perdidos para os filhos.
Quando acontece um processo judicial, aconselho os réus a aceitarem a pena sem tentar diminui-la com apelos a subterfúgios ou perícias. Então recuperam mais cedo
Muitas vezes os perpetradores, além de receberem uma justa pena, tornam-se alvos de uma campanha. Ou acontece ainda que uma suspeita seja lançada sobre uma pessoa inocente sem que ela possa se defender, pois a simples suspeita cai como uma fagulha sobre um campo de capim seco.
 


Vou contar-lhes então uma breve história:
Num congresso de psicoterapia, um psicólogo muito conhecido fez uma conferência sobre o feminino. Nos debates foi duramente atacado por algumas mulheres jovens. Elas achavam que as mulheres ainda eram muito injustiçadas e que era uma presunção dele falar desse tema na presença de mulheres.
O psicólogo, que parecia ter falado com a melhor das intenções, viu-se acusado de injusto e colocado contra a parede, tanto mais que aparentemente pouco tinha a contrapor aos argumentos das jovens mulheres.
Quando tudo terminou, ele refletiu sobre o que talvez tivesse feito de errado. Conversou com seus colegas e procurou um homem sábio para pedir conselho.
O homem lhe disse: “As mulheres têm razão. Realmente, como você pôde notar, elas próprias não têm dificuldade em impor-se aos homens, e provavelmente não sofreram pessoalmente nenhuma injustiça grave. Porém tomam sobre si a injustiça que outras mulheres sofreram, como se a tivessem sofrido elas mesmas. Como plantas parasitas, alimentam-se de um tronco alheio. De fato, elas não têm um grande peso próprio e no amor se relacionam apenas com pessoas de sua própria condição. Entretanto, ajudam as que vêm depois delas: uma pessoa semeia e a outra colhe.”
“Não estou interessado nisso”, respondeu o psicólogo. “Gostaria de saber o que devo fazer quando estiver numa situação semelhante."
“Faça como aquele que, no campo aberto, é surpreendido pelo temporal. Ele busca um abrigo e aguarda que passe a chuva. Então volta ao ar livre e curte o ar fresco.”
Quando o psicólogo voltou para o meio de seus colegas, estes lhe perguntaram qual tinha sido o conselho do homem sábio. “Ah”, disse ele, “não me recordo exatamente, mas acho que foi de opinião que eu deveria sair mais vezes ao ar livre, mesmo com temporais.”
 
A indignação
 
HELLINGER: Também se tomam, por vezes, alvos da indignação os ajudantes que, em vez de perseguir, olham para o futuro e orientam as vítimas e os perpetradores, para que revertam ao próprio bem o sofrimento e a culpa. Os indignados acreditam estar a serviço de uma lei coercitiva, seja ela a lei de Moisés, a lei de Cristo, a lei do céu, a “moral natural”, a lei de um grupo ou apenas o ditado de um cego espírito da época. Essa lei, seja qual for o seu nome, confere aos indignados poder sobre perpetradores e vítimas e justifica o mal que lhes fazem. A questão é a seguinte: como podem os ajudantes defrontar-se com tal indignação sem prejudicar as vítimas, os perpetradores, a si mesmos e a ordem justa? Para ilustrar o assunto, contarei uma história bem conhecida.
 
A adúltera
 
Certa vez, em Jerusalém, um homem desceu do Monte das Oliveiras em direção ao templo. Quando penetrou no recinto, alguns eruditos “justos” arrastavam uma jovem mulher. Cercando o homem, eles a colocaram diante dele e lhe disseram: “Esta mulher foi apanhada em adultério. Moisés nos ordenou na lei que seja apedrejada. O que diz você a respeito?"
Na verdade, não estavam interessados na mulher nem na ação dela. O que lhes interessava era preparar uma armadilha para um ajudante que era conhecido por sua brandura. Eles se indignavam com sua indulgência e, em nome da lei, julgavam-se autorizados a destruir tanto aquela mulher quanto este homem — que nada tinha a ver com a ação dela — caso não compartilhasse de sua indignação.
Vemos diante de nós dois grupos de perpetradores. A um deles pertencia a mulher: era uma adúltera e os indignados a chamavam de pecador a. Ao outro grupo pertenciam os indignados: por sua intenção eram assassinos, porém chamavam-se justos.
Sobre ambos os grupos pesava a mesma lei implacável, com a única diferença de que chamava de injusta uma ação má e de justa uma outra, na verdade, muito pior.
Porém o homem que tentavam apanhar na armadilha esquivou-se de todos eles: da adúltera, dos assassinos, da lei, do ofício de juiz e da tentação de grandeza. Ele se curvou e começou a escrever com o dedo na areia. Diante de todos eles curvou-se para a terra. Quando os indignados não entenderam os sinais que escrevia com o dedo e continuaram a espreitá-lo e pressioná-lo, ele se ergueu e disse: “Quem estiver sem pecado, que seja o primeiro a atirar a pedra. ” Então curvou-se de novo para a terra e continuou escrevendo na areia.
De repente tudo mudou — pois o coração sabe mais do que a lei lhe permite ou ordena. Os indignados esvaziaram o local da cena e se retiraram, um depois do outro, começando pelos mais velhos.
O homem, porém, respeitou a vergonha deles e permaneceu curvado, escrevendo na areia. Apenas quando todos partiram, ele se ergueu de novo e perguntou à mulher: “Onde estão eles? Ninguém te condenou?” — “Não, senhor” , respondeu ela. Então, como se partilhasse o sentimento dos indignados, disse à mulher: “Eu também não te condeno.”
Aqui termina a história. No texto que nos foi transmitido ainda foi acrescentado: “Não peques mais!” Esta frase, como demonstrou a ciência bíblica, foi um acréscimo posterior, provavelmente de autoria de alguém que não suportou mais a grandeza e a força dessa história.


É o que às vezes acontece com crianças que sofreram abuso, quando não caem nas mãos de pessoas amorosas, mas de pessoas indignadas. Estas pouco se importam com elas. As medidas que propõem e impõem, nascidas de seus sentimentos de indignação, apenas tornam a situação mais difícil para as vítimas.
Mesmo depois de vitimada, a criança permanece ligada e fiel ao autor do abuso. Assim, quando o pai é perseguido e destruído, moral e fisicamente, a criança também morre, moral e fisicamente; ou então, mais tarde, um de seus filhos expiará por esse fato. Esta é a maldição da indignação e a maldição da lei que a justifica.
O que, portanto, deveriam fazer os ajudantes que agem a partir do amor? Eles renunciam a fazer dramas e buscam caminhos simples que possibilitem um novo começo às vítimas e aos autores do abuso, de forma mais consciente e suave. Em vez de dirigir o olhar para uma pretensa lei superior, veem apenas seres humanos, sejam perpetradores ou vítimas, e se incluem entre eles. Sabem que somente a lei se apresenta como se fosse de bronze e eterna. Na terra, tudo é passageiro e cada fim é seguido por um novo princípio. Sua ajuda é humilde e tem amor por todos: pelas vítimas, pelos perpetradores, pelos incita- dores ocultos e pelos vingadores, entre os quais eles próprios já figuraram alguma vez.
— Deixei claro o assunto?
 
PARTICIPANTE: Sim."

Percebe-se que as 3 Ordens do Amor estão presentes na fala de Bert Hellinger: Pertencimento (até mesmo @ perpetrador@ deve ser incluído), Hierarquia (a primeira relação sexual desta pessoa conta como a primeira, mesmo que tenha sido um abuso) e Equilíbrio de troca (como citado no texto, a criança se doa pela mãe em "pagamento" do desequilíbrio.
Esse tema, digo mais uma vez, é muito forte e é a visão das Constelações é muitas vezes amplamente criticada, mas como se vê no próprio texto, em nada ajuda a vítima.

Se você conhece alguém que passou por essa situação, esteja atent@! Perceba-se como você escuta a história, há como tentar dar um passo pro lado e entender que por causa de algo no sistema (emaranhamento) foi dessa forma que aconteceu?

Se você passou por essa situação, perceba que é necessário entregar o peso no passado e isentar-se da culpa. Diga mentalmente as frases que são sugeridas logo acima e liberte-se abrindo mão deste lugar de doação à família. 

Se você abusou de alguém e sente que precisa de ajuda para lidar com tudo isso, consulte um@ Constelador@. Há muito mais por trás desse ato que você pode imaginar.

A chave para "qualquer problema" é a inclusão. É o respeito pelo destino alheio, certamente ess@ outr@ fez o melhor possível. Certamente fez o que podia naquele momento dentro dos emaranhamentos que @ prendiam. Liberte-se de julgamentos, acusações, inclusive e principalmente as auto-acusações e auto-julgamentos. Você fez o que podia com o que sabia. Honre aquel@ você de ontem, de 3 anos atrás, de 17 anos atrás!

Uma frase boa para quando sente-se culpad@ é “Fui idiota, e agora aguento as consequências.”. Assim a culpa não é um peso, mas uma consciência em você!

Espero que esse texto te faça sentir e pensar ainda mais sobre a inclusão e o olhar amoroso para com todo o sistema.


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Um super Beijo com gratidão, 
Namastê! (O Deus que há em mim, saúda o Deus que há em você!)
Vívian Pires 

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Autorresponsabilidade e Empoderamento


Olá!
O assunto de hoje não é tão sobre Constelação Familiar, mas tem bastante dela também. Espero que você aproveite!

Quando você era criança dependia plenamente de seus pais e cuidador@s, com o passar do tempo foi percebendo que poderia caminhar sem o apoio del@s, alimentar-se sozinh@, ir ao banheiro, tomar banho... Com a idade escolar foi percebendo que podia locomover-se sozinh@, alimentar-se nem sempre de tudo que estava na lancheira... e passou a assumir algumas responsabilidades, como tema de casa, horários das aulas... Você passou a perceber que não podia chamar seus pais a qualquer momento porque não estariam lá, precisava algumas vezes se virar sozinh@. 
E assim, você foi crescendo e percebendo quantas coisas pode fazer por si mesmo, e quanto mais e mais independente foi se tornando. Passou a integrar grupos, ter amigos, trabalhar e então tornou-se responsável por mais coisas: horários, regras da empresa, tarefas que precisava entregar, comportamento. E assim é nossa vida, responsabilidade atrás de responsabilidade. Em todos lados, em todas relações você assume um papel e Plin lá vem uma responsabilidade de presente pra você!!

Então, na Primavera você pega uma alergia, por exemplo. Daí você encontra aquel@ sua/seu amig@ e diz "Tenho alergia a essa mudança climática, essas plantas que soltam esse pózinho sempre me fazem mal...".
Aí você tem um trabalho onde seu/sua chefe é muito exigente e você encontra um@ amig@ e diz "Meu/minha chefe é um@ %$#$&&$, sempre pegando no meu pé...".
Aí tem um relacionamento amoroso que não vai muito bem e você procura um@ terapeuta/ psicólog@ e diz "Meu/minha companheir@ é isso, isso e aquilo e por causa del@ eu estou assim, assim e assado.". Aí digamos que esse relacionamento acabe e então suas/seus amig@s vem te dizer "Uma hora a pessoa certa vai aparecer! Se não deu certo ainda é porque não era a pessoa certa, ou a hora certa!".
Daí encontra um parente distante que pergunta como tá sua mãe/ seu pai e você diz "Ah, sabe como é minha mãe/ meu pai, sempre mandando em mim e querendo que faça as coisas do jeito del@, blábláblá...".
Então um amigão seu morre num acidente e o que você fala pras pessoas é: "Deus quis assim. Deus sabe a hora de cada um.".


Que coisa não? Tão chei@ de responsabilidades com carro, apartamento, conta de luz, de água... tantas responsabilidades com horários, com tarefas e nenhuma com sua própria vida, nenhuma consigo mesm@! Por quê?
Porque fomos levados a acreditar que sem nenhuma escolha caímos de pára-quedas nesta família, nesta cidade, neste Planeta!! Porque fomos levados a acreditar que se rezarmos Deus vai nos ajudar, se tivermos "sorte" teremos um bom relacionamento, se não deu certo é porque não era a hora, e tantas outras frases onde podemos sempre nos isentar da responsabilidade de termos feito algo, ou decidido algo para que fosse assim como é.

(Ah, mas Vívian, tu quer dizer que Deus não ajuda quem reza? Olha... depois de algumas "religiões" e "crenças" que conheci, eu acredito sim em uma Fonte Criadora, Deus/Deusa ou como queiram chamar, mas acredito que essa "Fonte" não interfere em nada na minha e na sua vida. Por que um "Pai" daria a vitória em uma guerra a um filho e não a outro? Porque um deles rezou e o outro não? Eu acredito em energia. A energia que nos prende a eventos passados pode ser transformada, transmutada! Então uma oração pode sim ter um efeito, mas um efeito de energização para a situação. Por exemplo "Deus, envio meu desejo (intenção - energia) que Fulana receba energias de amor para passar por este momento difícil." Ou algo como uma visualização da pessoa já curada, saudável... mas sempre a partir da minha intenção para comigo ou com o outro, não esperando que Deus faça, como se ele fosse uma pessoa que analisa quem merece ou não... Eu não acredito nisso. Acredito em autorresponsabilidade.)

Autorresponsabilidade tem muito mais a ver com autoestima e empoderamento do que com mais uma responsabilidade pesada em sua vida.


Você está com uma doença? Pesquise o que cada doença significa... Louise Hay e Cristina Cairo são boas referências. Pesquise quais emoções estão relacionadas com o órgão ou parte do corpo afetada. Pesquise o histórico da sua família, quem teve essa mesma doença? O que aconteceu com essa pessoa? 
Pesquise com seus pais como foi seu nascimento, seu  parto, se houve internação no hospital ou afastamento da família quando pequeno...
Tem problemas no relacionamento amoroso? Pesquise como foram os relacionamentos dos seus pais, tios e avós... Pergunte como era o antigo relacionamento d@ sua/seu parceir@. Pesquise se seus pais por acaso não tiveram ex-namorad@s antes de ter a relação da qual você nasceu...

E assim por diante para todo e qualquer problema que você tenha!
Esteja atento, presente no agora, perceba os padrões de relacionamento, de saúde, de amizade que você tem e teve... Use a internet para seu autoconhecimento. Tem muiiiiita coisa livre, é só procurar! Decida buscar uma solução e procure ajuda especializada!

Reconectando com o Poder REAL

Imagine que você é o motorista do carro, que você pode decidir a rua que quer dobrar, quando parar pra abastecer, qual a música que quer escutar, a hora de parar a viagem, e até o destino final!! Não seria maravilhoso?
Dizem que Deus "nos criou" a sua imagem e semelhança, isso quer dizer que Deus é igual a gente: humano, com fome, sede e necessidades físicas ou que nós somos iguais a "Ele"? Em nosso DNA existe apenas 10% de material genético que determina cabelos, olhos, pele, altura... os outros 90% é informação, informação da nossa origem!!! Se temos informação da nossa origem biológica, como as vivências positivas e negativas dos antepassados, temos também da origem "Real", a origem da Fonte!! 

VOCÊ É DEUS!




Nos levaram a acreditar que somos grãos de areia insignificantes, mas um grão de areia é areia, uma fatia de bolo é bolo! Uma parte de Deus é Deus! E reconectar-se internamente com este Deus que HÁ EM VOCÊ é reassumir o seu Poder de Verdade! É empoderar-se e DECIDIR sobre sua própria vida!
Até quando alguém vai te dizer que se não deu certo é porque não era a hora? Se não era agora, quando será? Amanhã quando você continuar entregando seu poder aos outros? Quando continua esperando que "Deus" te dê algo?


Te estimulo a assumir plenamente a sua parte Divina e co-criar a sua própria realidade conscientemente, pois talvez você não saiba, mas já é um co-criador. Você pensa que tal coisa é difícil, ela é. Tem uma frase bem bacana que não lembro de quem é, que diz: 

“Se você diz que é merecedor, então é. 
Se diz que não é, então não é. 
Em qualquer hipótese você está certo." 



Por fim, te digo que SIM, é possível mudar sua realidade mudando quem você acha que é, pois na realidade você não é esse corpo, essa persona, você é um@ co-criador@ experimentando essa situação escolhida a dedo por você mesm@. Assim, agradeça a seus pais pela oportunidade de estar vivo, aqui e agora, agradeça aos que vieram antes e faça algo de muito lindo com a sua vida!! Em homenagem a eles dê um passo a mais, eles contam com isso pra também reassumirem sua Essência.


Um super Beijo com gratidão, 
e Namastê! (O Deus que há em mim, saúda o Deus que há em você!)
Vívian Pires 

Ps. Me considero sem religião, pois não aceito as limitações e dogmas delas. Mesmo que em muito se pareçam e principalmente no elemento central: a crença em algo Superior, me isento deste rótulo.
Esta mensagem tem o intuito de nos "desvitimizarmos" e reassumirmos o comando de nosso Destino! <3

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

A serviço de quem?

Há pouco tempo atrás muitas pessoas morriam de pneumonia, tuberculose e até mesmo gripe. Hoje em dia, com tantas pesquisas e tecnologias disponíveis, temos conhecimento suficiente para tratá-las e até mesmo evitá-las. Assim espero que um dia aconteça com as grandes dificuldades que nos atingem no dia-a-dia: dificuldades de relacionamentos, drogas, álcool, doenças, depressão, pobreza... Precisamos urgentemente sair da rodinha do ratinho que apenas circula, circula todos dias e aprender a olhar além do aparente para percebermos o que há por trás de uma dificuldade... da falta de saúde... da falta de realização pessoal e amorosa... da falta de recursos financeiros pra viver uma vida com tranquilidade... 



Precisamos constantemente nos perguntar:

O que precisa ser visto? Quem é necessário incluir?


A Constelação Familiar/Sistêmica traz luz a essas perguntas aparentemente inexplicáveis: “por que tal pessoa tão boa passou por tal situação tão ruim?”, “por que eu não dou certo em nenhum relacionamento?”, “eu quero muito tal coisa mas nunca consigo.”, “por que todos irmãos de uma família são bêbados?”, “por que todas irmãs tem dificuldade de ter filhos?”... Através de uma vivência de Constelação busca-se a liberação de um problema atual olhando para a origem no passado. Seja nesta geração ou anterior, algo aconteceu que não foi processado, ficando pendente para que as próximas gerações resolvam. Ao olharmos para a origem nos liberamos, ao não olharmos ela segue conosco e passa aditante para as próximas gerações.

Essa semana tive, pessoalmente, duas experiências muito impactantes com pessoas próximas que me fizeram refletir muito sobre como é urgente olhar além. As duas situações envolviam homens e ambos faziam uso de álcool constantemente e “odiavam” seus pais/ antepassados, ou ao menos amaldiçoavam seus sobrenomes... Como já vimos aqui no blog, esse sintoma (alcoolismo) tem a ver com ausência de pai, não necessariamente ausência física, mas sim uma indisponibilidade dele em ocupar o lugar de pai. Um morreu num acidente de carro após beber, o outro segue bebendo constantemente e amaldiçoando seu próprio sobrenome, que também é do seu filho e será dos seus netos...

Presenciei as duas histórias no mesmo dia, e cresceu em mim uma vontade de espalhar pro mundo a importância do autoconhecimento, a importância do conhecimento e vivência das Constelações. Não que seja a tábua de salvação, ou a única alternativa para vivermos bem, mas porque é a única ferramenta (até o momento) que nos permite “olhar de fora de nós mesmos” e perceber como o amor atua de formas tão duras quando inconsciente.

Bert Hellinger nos diz que “Todas as crianças são boas”, pois toda criança se doa ao sistema familiar ao nascer e com isso paga o preço que é pertencer a este sistema: através de doenças, de necessidades especiais que tem, de dificuldades em dormir, timidez, hiperatividade... Se doa ocupando um lugar que foi deixado aberto pela geração anterior e arcando com todo risco e peso desse destino. E assim crescemos vivendo num lugar que não é nosso, deixando de assumir um destino de plenitude e potencialidades, pois sequer sabemos que estamos fora do nosso lugar verdadeiro...


Uma criança que teve um irmãozinho anterior não nascido carrega a carga dessa vida não realizada, tendo uma grande ansiedade/ hiperatividade para viver por dois ou uma fidelidade ao irmão dizendo inconscientemente “se você não viveu, eu também não mereço viver” e então é apática, depressiva, invisível...

Assim filh@s de homens alcoólatras sentem a falta que esse pai sentiu do seu pai, carregam essa dor, revivendo-a com o seu pai e provavelmente repitam o processo com seu filho, não por serem maus, mas por estarem emaranhados, acorrentados a um destino alheio, a uma memória de seu DNA. E como falei, o amor inconsciente nos prende nesses lugares de dor, de sofrimento buscando a integração, buscando que a dor original seja integrada e o sujeito reconhecido, incluído, devolvendo a todos os que estavam presos o seu devido lugar.

A Constelação nos possibilita olhar além do visível e perceber: A serviço de quem essa distância entre pai e filho serve? Quando um homem tem seu pai indisponível, eles estão repetindo qual relacionamento? De quais antepassados? Do pai que ficou pra trás quando seu filho deixou a Alemanha para mudar-se para o Brasil? Do pai do nosso bisavô que morreu aos 3 anos e ele cresceu sendo o homem da casa, cuidando dos irmãozinhos? Do filho sem pai? Do filho ilegítimo?



Esse é um assunto que muito me chama atenção, pois a grande maioria dos homens tem uma imensa dificuldade com seu pai; o que, certamente, o afasta de uma relação saudável com sua companheira e seus filhos... Estando indisponível para seu filho, será uma nova geração de homens distantes do pai, deslocados de lugar e assim sucessivamente... até quando??

Você que é homem, pense sobre isso. Pense do seu lugar de filho: como encara seu pai? Consegue, internamente, lhe bendizer e agradecer por ter dado a vida? Consegue, mentalmente, lhe dizer que sente muito pelas dores que ele passou, mas que agora, com amor, decide fazer diferente? Agradeça, mentalmente, a oportunidade de libertar-se desse ciclo. Mesmo que não tenha conhecido seu pai, ele existiu, ele continua vivo em ti. 

Decida agora libertar-se, retornar seu lugar de filho, com respeito, com amor.

Você que é mulher, mentalmente, honre seu pai. Agradeça-o pela vida, agradeça aos que vieram antes dele, honre os destinos deles exatamente como foram. Se você tem um marido, olhe com amor pros antepassados dele, olhe com amor pra dificuldade dele com o pai, aconselhe-o a procurá-lo; se já morreu, que faça uma oração, uma homenagem... Se você tem um@ filh@ com um homem diga pro seu/sua filh@ que este é o pai certo, que esta criança nasceu do amor de vocês, não diga que o pai é ruim, pois ao fazer isso estará perpetuando a ausência, tirando a chance desse menino ser diferente justamente do que tanto criticas.

Se você conhece alguém que pode estar precisando desse puxão de orelha, recomende esse texto. Precisamos, urgentemente, trazer luz (consciência) às pessoas, precisamos mudar o nosso olhar sobre o passado. Já passou e só podemos olhá-lo e dizer “sim, exatamente como foi. Em homenagem a isso faço algo de bom”.



Façamos algo de bom com nossos traumas, nossas dores, nossas tristezas: Sejamos velas acessas pra iluminar o caminho dos demais. Sejamos nós a dar o  primeiro passo pra nos libertar e libertar os nossos de tanto sofrimento e repetições.

Homens, recuperem seus lugares de filhos desse homem, tomem seus pais exatamente como são! Liberem seus filhos. Por eles, façam algo de bom! Comece dizendo internamente pro seu/sua filh@ “Querid@ filh@ você está livre!”.


Ps. Este texto não se trata de voltar a conviver com seu pai, serem melhores amigos, ou amá-lo loucamente, trata de aceitá-lo como ele foi pra você, pois, não sabemos quais os pesos que ele carrega, mas podemos decidir fazer diferente, por eles, por nós e por noss@s filh@s.


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Um super Beijo com gratidão, 
Vívian Pires 

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