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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O que libera a vítima?

O texto de hoje vem tratar de um tema muito forte e controverso,  principalmente, se você está tendo seu primeiro contato com as Constelações Familiares através dele. Sugiro a leitura dos posts anteriores para "clarear as ideias", depois volte pra cá pra seguir.

O tema abuso sexual é sem dúvida alguma um tema extremamente delicado e necessita um olhar, sempre, muito atento por parte da pessoa que ouve a história. Então, se você conhece alguém que passou por esta situação, ou se algum dia ouvir uma história de abuso, atente-se às palavras de Bert Hellinger, no livro "Ordens do Amor".
Ps.  O trecho é transcrito de um seminário onde os participantes fazem perguntas e levam seus temas e Hellinger os responde e constela, quando necessário.

"O que ajuda as vítimas de incesto

DAGMAR: ... O que ainda desejo para mim tem mais a ver com a profissão. Gostaria de saber melhor como lidar com clientes que sofreram abuso sexual em casos de transgressão de limites.

HELLINGER: O abuso sexual de crianças no incesto frequentemente resulta de um desequilíbrio entre o dar e o tomar. Uma constelação usual, nesses casos, é aquela em que uma mulher, que tem uma filha de um matrimônio anterior, se casa com um homem sem filhos. Isso gera um desnível, pois o marido precisa cuidar da menina, embora não seja sua filha. Portanto, deve dar mais do que recebe. Talvez a mulher ainda exija isso dele expressamente. Com isso, aumenta mais a diferença entre o dar e o receber, entre ganhos e perdas. O sistema passa a ser dominado por uma irresistível necessidade de compensação, e a maneira mais fácil de obtê-la é que a mulher leve a filha ao marido, para compensar. Esta é a dinâmica familiar que frequentemente está por trás de um incesto. Não é, porém, uma regra geral, pois também existem outras dinâmicas.
 
Aqui, de maneira bem clara quando existe desequilíbrio entre o dar e o tomar, mas também em outras formas de abuso sexual de filhos, quase sempre ambos os pais estão envolvidos, a mãe num segundo plano e o pai no primeiro. Só poderá haver solução quando a situação for encarada em sua totalidade. 

Qual seria então a solução? Em primeiro lugar, nesses casos, parto do princípio de que tenho de lidar com a vítima e meu interesse é ajudá-la. Meu interesse como terapeuta não pode ser o de perseguir os autores, porque isso absolutamente não ajuda a vítima.
 
Quando, por exemplo, uma mulher conta num grupo que sofreu abuso sexual por parte do pai ou do padrasto, digo-lhe que imagine sua mãe e lhe diga: “Mamãe, por você faço isso de boa vontade.” De repente surge um novo contexto. E digo-lhe que imagine seu pai e lhe diga: “Papai, pela mamãe faço isso de boa vontade.” Subitamente, vem à luz a dinâmica oculta e ninguém consegue mais comportar-se como antes.

 
 
Quando uma situação ainda é atual e, portanto, tenho de trabalhar com um dos pais, por exemplo com a mãe, eu lhe digo, na presença da criança: “A filha faz isso pela mamãe”, e faço com que a criança diga à mãe: “Por você faço isso de boa vontade.” Então termina o incesto: ele não tem condições de prosseguir. Quando o marido está presente, faço com que a criança lhe diga: “Eu faço isso por mamãe, para compensar.” De repente, a criança se vê e se reconhece como inocente. Já não precisa sentir-se culpada.
 
O segundo ponto é que ajudo a criança a recuperar a própria dignidade, porque o incesto é também vivido por ela — falando sem meias-palavras — como uma desonra. Então conto uma pequena história de Johann Wolfgang Goethe. Ele escreveu um poema chamado “Sah ein Knab ein Röslein stehn" (Um rapaz viu uma rosinha), que termina com estas palavras: “O selvagem rapaz arrancou a rosinha do prado. Ela se defendeu e o espetou, mas de nada lhe adiantou chorar, pois teve de sofrer. Rosinha, rosinha, rosinha vermelha, rosinha do prado!”
E então conto um segredo: a rosa conservou seu perfume!
 
Terceiro ponto: para muitas crianças, a experiência é também prazerosa. Entretanto, elas não podem confiar em sua percepção de que é ou foi prazeroso, porque é dito à sua consciência, principalmente pela mãe, que isso é mau. Então elas ficam desorientadas. A criança deve poder dizer que a experiência foi prazerosa, se foi o caso. Ao mesmo tempo, precisa certificar-se de que é sempre inocente, mesmo que a experiência tenha sido prazerosa. Uma criança procede infantilmente quando é curiosa e deseja fazer essa experiência; não obstante, permanece inocente. Quando o prazer é condenado nesse contexto, o sexo aparece sob uma luz estranha, como se fosse algo terrível. Nesse contexto, o incesto apenas antecipa uma experiência necessária. Falando com uma certa frivolidade: algo que faz parte do desenvolvimento humano acontece prematuramente à criança. Quando lhe digo isso, ela se sente aliviada.
 
Em quarto lugar, existe a ideia de que a criança ficará inibida em seu desenvolvimento posterior. Isso é verdade. A criança é inibida em seu desenvolvimento porque através da experiência sexual (seria excessivo falar, neste caso, de consumação sexual) nasce um vínculo entre a menina e o autor do abuso. A criança não poderá ter mais tarde nenhum novo parceiro, se não reconhecer e honrar o seu primeiro vínculo. Isso se torna difícil para a criança quando essa experiência é condenada e seu autor é perseguido. Quando, porém, a criança assume essa primeira experiência e esse primeiro vínculo, ela os integra numa nova relação, superando e resolvendo a primeira experiência. A atitude de indignação ao lidar com esse assunto impede a solução e prejudica a vítima.
 
CLAUDIA: O que acontece com o vínculo quando a experiência não foi prazerosa nem bela para a criança?
 
HELLINGER: O vínculo se cria, apesar de tudo. Entretanto, após a experiência, quer tenha sido dolorosa ou prazerosa, a criança sempre tem o direito de estar zangada com o autor, pois em qualquer caso sofreu injustiça. Ela precisa dizer a ele: “Você cometeu injustiça comigo e isso eu nunca lhe perdoarei.” Agindo assim, ela empurra a culpa para o autor, toma distância e se retira. Mas não precisa envolver-se emocionalmente em sua zanga quando o recrimina, pois essa emoção a ligaria ainda mais fortemente a ele. Estabelecendo limites claros, ela se livra dele. Brigas e recriminações não trazem solução. “Solução” é um termo de duplo sentido. A solução consiste sempre em soltar-se de algo. Na briga não existe solução, porque ela prende.
Existe outra coisa muito importante, em termos de sistema. Do ponto de vista sistêmico, o terapeuta deve conectar-se sempre com a pessoa que está sendo condenada. Você precisa, portanto, desde que comece a trabalhar com isso, dar ao autor do abuso um lugar em seu coração.
 
DAGMAR: No meu?
 
HELLINGER: Sim, no seu coração. Do contrário você não poderá encontrar solução, nem mesmo para a vítima. Você precisa pressupor que o autor está enredado, embora ainda não saiba de que maneira. Se você pudesse ver esse envolvimento, poderia entender totalmente essa pessoa. Com essa atitude, você tem um acesso totalmente diverso para lidar bem com o assunto. E mais ou menos assim. Deixei claro?
 

 

JOHANN: Me surpreende que a criança, ou a vítima, não perdoe o autor. Mesmo assim ela poderá desprender-se?
 
HELLINGER: Perdoar é uma presunção. Isso não compete à criança. Quando ela perdoa, é como se também pudesse tomar a culpa para si. Ninguém pode perdoar, exceto quando a culpa é recíproca. Nesse caso, perdoando-se reciprocamente, as pessoas se permitem um novo começo. Mas a criança deve dizer: “Isso foi mau, eu deixo com você as consequências mas, apesar disso, faço algo de bom com minha vida.”. 
Quando uma criança que sofreu abuso sexual começa mais tarde um relacionamento feliz, isso também é um alívio para o autor do abuso. Quando, ao contrário, a vítima se deixa ficar mal, isso representa também uma vingança contra o autor. As coisas são totalmente diversas conforme sejam vistas no fundo ou na superfície.
 
CLAUDIA: Quando o abuso foi muito prazeroso para a criança, frequentemente se nota que ela passa a abordar outros adultos da mesma forma. Com isso, volta a ser recriminada, provocando uma avalanche de “isso não pode ser” e “isso é mau”.
 
HELLINGER: Quando a criança aborda outros adultos dessa maneira, está dizendo aos pais: “Sou uma prostituta. Sou eu a culpada pelo abuso. Vocês não precisam ficar com a consciência pesada.” O que provoca essa atitude é, mais uma vez, o amor da criança. Quando digo isso à criança, ela se sente boa, mesmo nesse contexto. E preciso procurar sempre pelo amor. E lá que se encontra também a solução.
 
DAGMAR: Onde jamais encontro amor é no domínio da pornografia infantil.
 
HELLINGER: Esse tipo de objeção lhe tira a possibilidade de compreender.
 
DAGMAR: Agora não entendi isso.
 
HELLINGER: Deve-se contar com o amor como pressuposto em qualquer situação. Posso vivenciar algo como muito mau sem condenar ninguém. Preciso buscar sempre como resolver um envolvimento; antes de tudo, como resolvê-lo para a vítima. Quando a vítima se retira de tudo e deixa com os perpetradores a culpa e as consequências de suas ações, e quando faz disso algo de bom para si — o que está em suas mãos —, então o que passou é deixado para trás e fica resolvido para ela. Entretanto, quando sobrevém qualquer emoção do tipo “Agora precisamos entregar o autor à justiça”, fecha-se para a vítima o caminho da solução. Um terapeuta que se permite tal emoção prejudica muito o cliente.
Menciono um exemplo. Certa vez, num grupo para psiquiatras, uma psiquiatra contou, cheia de indignação, que uma de suas clientes foi violentada pelo próprio pai. Então eu lhe disse que configurasse o sistema familiar da cliente, colocando-se, como terapeuta, no lugar que julgasse correto para si mesma. Ela imediatamente colocou-se ao lado da cliente. Todos os integrantes do sistema ficaram zangados com ela e nenhum deles confiou nela. Então coloquei-a ao lado do pai. Todos no sistema ficaram tranquilos e tiveram confiança nela, e a cliente ficou muito aliviada.
 
HELLINGER: Não se pode excluir ninguém de um sistema, exceto em casos de crimes muito graves, e o incesto raramente se inclui entre eles. A solução consiste em acolher de novo todos os que foram excluídos. Isso se consegue melhor quando dirigimos nosso olhar não apenas para o pai, como o autor manifesto, mas também para a mãe, como a autora secreta e “eminência parda” do incesto. Quando o terapeuta se conecta apenas com a vítima e não com o sistema como um todo, trabalha de uma forma que apenas piora toda a situação. Esta é a consequência, e ela vai bem longe.
 
O que ajuda os perpetradores
 
BRIGITTE: E o que faz você quando trabalha com os perpetradores?
 
HELLINGER: Falaria com eles apenas individualmente e num local protegido. Em primeiro lugar, eu lhes perguntaria se eles veem um caminho que ajude a vítima a libertar-se do que aconteceu e do autor do abuso, e a direcionar para o próprio bem a dor que sofreu e suas consequências. Nesse momento, eles não precisam defender-se e ganho a sua colaboração. Um primeiro passo adicional seria que eles sentissem a dor. Essa dor é, basicamente, um processo interno. Às vezes, contudo, é acertado que também digam à criança: “Sinto muito pelo que fiz com você.” Isso alivia a criança e a ajuda mais do que quando se persegue o autor do abuso. Isso, porém, já é suficiente.
Os autores não devem explicar, justificar, embelezar ou condenar diante da vítima o próprio procedimento. Igualmente não devem confessar à criança sua culpa e pedir-lhe perdão, nem esperar ou exigir dela algo que os alivie. Isto seria uma nova agressão que aumentaria a sobrecarga da criança e reforçaria o vínculo que a liga aos autores do abuso. Isso também vale, aliás, para as mães que estavam cientes.
Mesmo que sejam culpados, os pais continuam sendo pais e conservam sua posição de precedência e superioridade em relação aos filhos. Por isso o assunto não deve ser discutido, nem entre pais e filhos, nem diante de terceiros — por exemplo, de psicoterapeutas. Isso humilha os pais diante dos filhos e também humilha os filhos, mesmo que pareça fazer-lhes justiça. Pais humilhados estão perdidos para os filhos.
Quando acontece um processo judicial, aconselho os réus a aceitarem a pena sem tentar diminui-la com apelos a subterfúgios ou perícias. Então recuperam mais cedo
Muitas vezes os perpetradores, além de receberem uma justa pena, tornam-se alvos de uma campanha. Ou acontece ainda que uma suspeita seja lançada sobre uma pessoa inocente sem que ela possa se defender, pois a simples suspeita cai como uma fagulha sobre um campo de capim seco.
 


Vou contar-lhes então uma breve história:
Num congresso de psicoterapia, um psicólogo muito conhecido fez uma conferência sobre o feminino. Nos debates foi duramente atacado por algumas mulheres jovens. Elas achavam que as mulheres ainda eram muito injustiçadas e que era uma presunção dele falar desse tema na presença de mulheres.
O psicólogo, que parecia ter falado com a melhor das intenções, viu-se acusado de injusto e colocado contra a parede, tanto mais que aparentemente pouco tinha a contrapor aos argumentos das jovens mulheres.
Quando tudo terminou, ele refletiu sobre o que talvez tivesse feito de errado. Conversou com seus colegas e procurou um homem sábio para pedir conselho.
O homem lhe disse: “As mulheres têm razão. Realmente, como você pôde notar, elas próprias não têm dificuldade em impor-se aos homens, e provavelmente não sofreram pessoalmente nenhuma injustiça grave. Porém tomam sobre si a injustiça que outras mulheres sofreram, como se a tivessem sofrido elas mesmas. Como plantas parasitas, alimentam-se de um tronco alheio. De fato, elas não têm um grande peso próprio e no amor se relacionam apenas com pessoas de sua própria condição. Entretanto, ajudam as que vêm depois delas: uma pessoa semeia e a outra colhe.”
“Não estou interessado nisso”, respondeu o psicólogo. “Gostaria de saber o que devo fazer quando estiver numa situação semelhante."
“Faça como aquele que, no campo aberto, é surpreendido pelo temporal. Ele busca um abrigo e aguarda que passe a chuva. Então volta ao ar livre e curte o ar fresco.”
Quando o psicólogo voltou para o meio de seus colegas, estes lhe perguntaram qual tinha sido o conselho do homem sábio. “Ah”, disse ele, “não me recordo exatamente, mas acho que foi de opinião que eu deveria sair mais vezes ao ar livre, mesmo com temporais.”
 
A indignação
 
HELLINGER: Também se tomam, por vezes, alvos da indignação os ajudantes que, em vez de perseguir, olham para o futuro e orientam as vítimas e os perpetradores, para que revertam ao próprio bem o sofrimento e a culpa. Os indignados acreditam estar a serviço de uma lei coercitiva, seja ela a lei de Moisés, a lei de Cristo, a lei do céu, a “moral natural”, a lei de um grupo ou apenas o ditado de um cego espírito da época. Essa lei, seja qual for o seu nome, confere aos indignados poder sobre perpetradores e vítimas e justifica o mal que lhes fazem. A questão é a seguinte: como podem os ajudantes defrontar-se com tal indignação sem prejudicar as vítimas, os perpetradores, a si mesmos e a ordem justa? Para ilustrar o assunto, contarei uma história bem conhecida.
 
A adúltera
 
Certa vez, em Jerusalém, um homem desceu do Monte das Oliveiras em direção ao templo. Quando penetrou no recinto, alguns eruditos “justos” arrastavam uma jovem mulher. Cercando o homem, eles a colocaram diante dele e lhe disseram: “Esta mulher foi apanhada em adultério. Moisés nos ordenou na lei que seja apedrejada. O que diz você a respeito?"
Na verdade, não estavam interessados na mulher nem na ação dela. O que lhes interessava era preparar uma armadilha para um ajudante que era conhecido por sua brandura. Eles se indignavam com sua indulgência e, em nome da lei, julgavam-se autorizados a destruir tanto aquela mulher quanto este homem — que nada tinha a ver com a ação dela — caso não compartilhasse de sua indignação.
Vemos diante de nós dois grupos de perpetradores. A um deles pertencia a mulher: era uma adúltera e os indignados a chamavam de pecador a. Ao outro grupo pertenciam os indignados: por sua intenção eram assassinos, porém chamavam-se justos.
Sobre ambos os grupos pesava a mesma lei implacável, com a única diferença de que chamava de injusta uma ação má e de justa uma outra, na verdade, muito pior.
Porém o homem que tentavam apanhar na armadilha esquivou-se de todos eles: da adúltera, dos assassinos, da lei, do ofício de juiz e da tentação de grandeza. Ele se curvou e começou a escrever com o dedo na areia. Diante de todos eles curvou-se para a terra. Quando os indignados não entenderam os sinais que escrevia com o dedo e continuaram a espreitá-lo e pressioná-lo, ele se ergueu e disse: “Quem estiver sem pecado, que seja o primeiro a atirar a pedra. ” Então curvou-se de novo para a terra e continuou escrevendo na areia.
De repente tudo mudou — pois o coração sabe mais do que a lei lhe permite ou ordena. Os indignados esvaziaram o local da cena e se retiraram, um depois do outro, começando pelos mais velhos.
O homem, porém, respeitou a vergonha deles e permaneceu curvado, escrevendo na areia. Apenas quando todos partiram, ele se ergueu de novo e perguntou à mulher: “Onde estão eles? Ninguém te condenou?” — “Não, senhor” , respondeu ela. Então, como se partilhasse o sentimento dos indignados, disse à mulher: “Eu também não te condeno.”
Aqui termina a história. No texto que nos foi transmitido ainda foi acrescentado: “Não peques mais!” Esta frase, como demonstrou a ciência bíblica, foi um acréscimo posterior, provavelmente de autoria de alguém que não suportou mais a grandeza e a força dessa história.


É o que às vezes acontece com crianças que sofreram abuso, quando não caem nas mãos de pessoas amorosas, mas de pessoas indignadas. Estas pouco se importam com elas. As medidas que propõem e impõem, nascidas de seus sentimentos de indignação, apenas tornam a situação mais difícil para as vítimas.
Mesmo depois de vitimada, a criança permanece ligada e fiel ao autor do abuso. Assim, quando o pai é perseguido e destruído, moral e fisicamente, a criança também morre, moral e fisicamente; ou então, mais tarde, um de seus filhos expiará por esse fato. Esta é a maldição da indignação e a maldição da lei que a justifica.
O que, portanto, deveriam fazer os ajudantes que agem a partir do amor? Eles renunciam a fazer dramas e buscam caminhos simples que possibilitem um novo começo às vítimas e aos autores do abuso, de forma mais consciente e suave. Em vez de dirigir o olhar para uma pretensa lei superior, veem apenas seres humanos, sejam perpetradores ou vítimas, e se incluem entre eles. Sabem que somente a lei se apresenta como se fosse de bronze e eterna. Na terra, tudo é passageiro e cada fim é seguido por um novo princípio. Sua ajuda é humilde e tem amor por todos: pelas vítimas, pelos perpetradores, pelos incita- dores ocultos e pelos vingadores, entre os quais eles próprios já figuraram alguma vez.
— Deixei claro o assunto?
 
PARTICIPANTE: Sim."

Percebe-se que as 3 Ordens do Amor estão presentes na fala de Bert Hellinger: Pertencimento (até mesmo @ perpetrador@ deve ser incluído), Hierarquia (a primeira relação sexual desta pessoa conta como a primeira, mesmo que tenha sido um abuso) e Equilíbrio de troca (como citado no texto, a criança se doa pela mãe em "pagamento" do desequilíbrio.
Esse tema, digo mais uma vez, é muito forte e é a visão das Constelações é muitas vezes amplamente criticada, mas como se vê no próprio texto, em nada ajuda a vítima.

Se você conhece alguém que passou por essa situação, esteja atent@! Perceba-se como você escuta a história, há como tentar dar um passo pro lado e entender que por causa de algo no sistema (emaranhamento) foi dessa forma que aconteceu?

Se você passou por essa situação, perceba que é necessário entregar o peso no passado e isentar-se da culpa. Diga mentalmente as frases que são sugeridas logo acima e liberte-se abrindo mão deste lugar de doação à família. 

Se você abusou de alguém e sente que precisa de ajuda para lidar com tudo isso, consulte um@ Constelador@. Há muito mais por trás desse ato que você pode imaginar.

A chave para "qualquer problema" é a inclusão. É o respeito pelo destino alheio, certamente ess@ outr@ fez o melhor possível. Certamente fez o que podia naquele momento dentro dos emaranhamentos que @ prendiam. Liberte-se de julgamentos, acusações, inclusive e principalmente as auto-acusações e auto-julgamentos. Você fez o que podia com o que sabia. Honre aquel@ você de ontem, de 3 anos atrás, de 17 anos atrás!

Uma frase boa para quando sente-se culpad@ é “Fui idiota, e agora aguento as consequências.”. Assim a culpa não é um peso, mas uma consciência em você!

Espero que esse texto te faça sentir e pensar ainda mais sobre a inclusão e o olhar amoroso para com todo o sistema.


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Namastê! (O Deus que há em mim, saúda o Deus que há em você!)
Vívian Pires 

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Ordens do Amor III


Dando sequência às Ordens do Amor - Leis Sistêmicas que regulam inconscientemente as relações humanas - hoje vou falar do Equilíbrio da troca.
Você pode ler os posts anteriores AQUI e AQUI.

Para que nossas relações (amizades, parcerias, sociedades, relacionamentos amorosos) deem certo é necessário que haja equilíbrio na troca.

Qual é, na sua opinião, o maior presente que podemos receber de alguém? Imóvel? Carro? Jatinho? Filhx? Faculdade?

O maior presente que todxs nós já recebemos é a VIDA. Nenhum dos citados acima seria possível se antes você não tivesse recebido, de seus pais, a VIDA. Não há como devolvê-la, nem como recompensá-los ou pagá-los por ela. 

Quando estávamos imersos na Totalidade, do "outro lado do véu" escolhemos a família que iríamos nascer. Sempre brinco que escolhemos o DNA pelo potencial de encrenca/ potencial de evolução possível. Como nada é por acaso, escolhemos a dedo a família biológica perfeita para que, como almas, possamos experienciar determinadas situações que precisamos... e esta família aceita-nos receber como parte dela, pois através de nós, os antepassados podem experimentar melhoras.



Então, recebemos a VIDA (a oportunidade de estar aqui agora) de nossos pais biológicos e não temos que devolver nada? Exatamente. E é por esse motivo que vamos para as nossas relações com uma sensação de débito, vamos pré-dispostos a compensar. E é através dos parceirxs, amigxs, que a troca se dá. Um faz um pouco aqui, outro ali... E quando essa balança está descompassada nós sentimos. Sabemos quando estamos fazendo demais por alguém e sabemos muito bem quando também devemos algo.

Muitas relações, de todos tipos, acabam por esta balança estar desequilibrada. Se você já nasce com débito com seus pais, como é ficar devendo ainda a outra pessoa? Um sobrepeso, sim? E o que acontece? A pessoa que recebeu demais vai embora.

"Ah, mas isso é tão injusto!"

Como todxs sabemos, cada ser humano vivo nesta Terra tem um pai e uma mãe, seja conhecidx ou não, bom/boa ou mau/má, vivx ou mortx, todos viemos da união de um óvulo e um espermatozoide.


Quando temos uma relação desigual há uma projeção de mãe ou de pai.  E como somente filhxs se relacionam, buscar um homem que faça tudo por você é o mesmo que buscar o papai, aquele que tudo te deu (Vida) e nada cobrou em troca. Buscar uma mulher que faça tudo pra você é buscar a mamãe. 
Assim, muitas vezes umx parceirx busca que x outrx x ame incondicionalmente, e como vimos, toda relação exige compensação. Não há como apenas receber. Nã há como apenas dar. Ao buscar o amor incondicional dx parceirx provoca-se uma crise, fazendo com que aquele que "deveria" dar além da medida se retraia e se afaste, justamente pela injustiça cometida.

Bert Hellinger ilustra essa dinâmica, maravilhosamente, no livro "No centro sentimos leveza":
"Essa ordem do amor é perturbada quando um deseja e o outro concede; porque o desejar parece ser algo pequeno, e o conceder, algo grande. Então, um dos parceiros se mostra como carente e como alguém que recebe, e o outro, embora talvez ame, se mostra como alguém que ajuda e que dá. É como se aquele que recebe se tornasse uma criança, e aquele que dá se tornasse um pai ou uma mãe. Então, o que recebe precisa agradecer, como se tivesse recebido sem dar, e o que dá se sente superior e livre, como se tivesse dado sem receber. Isso, porém, impede a compensação e coloca em risco a troca. Para o bom êxito de uma e de outra, é preciso que ambos desejem e ambos concedam, com respeito e amor, o que o outro necessita e deseja."

Nesse caso ambos, estão precisando trabalhar sua relação (seu lugar de filho) com os pais.



Numa relação saudável, x parceirx que recebeu algo bom retribui com algo bom também, mas por amá-lx e desejar que a troca continue, este dá algo melhor do que recebeu. E então, o outro fica sob pressão (da dívida inconsciente) e como também ama x parceirx dá algo ainda melhor. Assim a compensação é garantida e a troca continua a existir. Quando não se alcança uma compensação a troca cessa, seja por desinteresse seja por sobrecarga.
Para uma relação bem sucedida é necessário que a compensação no mal também seja feita. Assim, como no bem, quando umx parceirx faz algo que magoe o outro, também deve devolver-lhe. Se fizer algo no mesmo grau, ficam quites. Mas como x parceirx ama o outro, faz algo menor do que recebeu, ou exige algo difícil para que o Amor continue e a troca no bem possa ser retomada.
Mas quando a vítima não consegue/ não quer vingar-se, a compensação e a relação fica comprometida, pois o culpado não consegue mais equiparar-se ao parceirx ofendidx.

Claro que tanto para o bem, quanto para o mal os casais podem seguir trocando. A escolha é de cada casal. Bert Hellinger diz que percebe-se a qualidade de cada relação pelo tipo de troca que possuem. Sendo assim, possível, recuperar relações pelo caminho da troca no bem.



Há também, aqueles que não querem sentirem-se obrigados a retribuir, por isso fecham-se a receber, fecham-se à troca e consequentemente, à Vida.

Assim como, também pode haver desequilíbrio na relação com o trabalho/empresa. O funcionário que tudo pede à empresa, que cada vez quer mais e mais, como uma criança, clama na verdade, pelos pais . Assim como aquele que trabalha demais e recebe pouco, também está em desequilíbrio de troca, provavelmente com os pais, ao receber a Vida .

Para estarmos amplamente habilitados a trocar como adultos precisamos receber nossos pais como são e a Vida que veio deles, exatamente como chegou até nós.

Bert Hellinger, mais uma vez:
"... as pessoas que conseguem tomar seus pais como são, e tudo o mais que eles lhes dão experimentam essa atitude como um afluxo de energia e felicidade. Ela também os capacita a manter outras relações, onde dão e recebem abundantemente."

E então, como estão as trocas nas suas relações?
Você tem se relacionado com umx parceirx ou um pai/mãe?
Tem dado demais?

Vamos olhar melhor essa dinâmica de troca nos relacionamentos amorosos? 
Sábado dia 01/Out às 14h em Porto Alegre, te espero pro Workshop Relacionamentos Afetivos - desvendando os vínculos ocultos. Evento no facebook AQUI


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Um super Beijo com gratidão, 
Vívian Pires

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Bibliografia indicada Constelações Familiares

Olá!!
Constelação é algo lindo! Chega a ser quase inexplicável o nível de Cura que atingimos numa vivência! Somos realmente muito abençoados por vivermos nessa época de grandes mudanças planetárias, de termos a nossa disposição ferramentas tão maravilhosas de cura, sendo a Constelação uma delas! Toda minha gratidão aos precursores, aos inspiradores e aos que desenvolveram seus trabalhos posteriores à criação de Bert Hellinger.

Por se tratar de uma filosofia, eu sempre aconselho a todos que entram em contato com as Constelações através de mim, que leiam, se informem, busquem conteúdo seja em vídeos, livros, palestras, blogs... A Consciência das Leis Ocultas que regem nossas relações ajuda muito para que tenhamos autonomia sobre nossas vidas!!

Então, atendendo a pedidos, disponibilizo aqui a lista mais completa que pude. Ao longo do tempo vou adicionando os demais livros, canais do Youtube,  blogs que, na minha opinião, são boas fontes de referência.

Boa leitura!




Bibliografia Constelações Familiares Sistêmicas 
(inclui Direito Sistêmico, Pedagogia Sistêmica e Constelações Organizacionais)

Bert Hellinger

A Cura
A Fonte não precisa perguntar pelo caminho
Amor à segunda vista
A Paz começa na alma
A Simetria Oculta do Amor
Conflito e Paz: Uma resposta
Constelações Familiares (com Gabriele T. Hovel)
Desatando os laços do destino
Êxito na Vida, Êxito na Profissão
Histórias de amor
Histórias de Sucesso na Empresa e no Trabalho
Liberados somos concluídos
No Centro sentimos Leveza
O Amor do Espírito
O Essencial é simples
O Outro jeito de falar
Ordens da Ajuda
Ordens do Amor
Para que o amor dê certo
Pensamento a caminho
Pensamentos sobre Deus
Religião, Psicoterapia e Aconselhamento Espiritual
Um lugar para os excluídos
Viagens Interiores


Demais autores

A Alma do negócio - Jan Jacob Stam
Ah! Que bom que eu sei - Brigite Gross e Jakob Schneider
Além do Aparente - Olinda Guedes
A prática das constelações Familiares - Jakob Schneider
As Constelações Familiares em sua Vida diária - Joy Manné
Constelações Familiares e o Caminho da Cura - Stephan Hausner
Constelações Organizacionais – Klaus Grochowiak e Joachim Castellas
O Amor que nos faz bem - Joan Garriga Bacardi
Onde estão as moedas? - Joan Garriga Bacardi
O que traz quem levamos para a escola? - Olinda Guedes
Para que o amor dê certo - Neuhauser Johannes
Quando fecho os olhos vejo você - Ursula Franke
Simbiose e Autonomia nos Relacionamentos - Franz Ruppert
Viver na Alma - Joan Garriga Bacardi
Você é um de nós - Marianne Franke Gricksch

Campos Morfogênicos/ Morfogenéticos

A Sensação de estar sendo Observado - Ruppert Sheldrake
O renascimento da natureza - Ruppert Sheldrake



Blog e Youtube

Direito Sistêmico - Sami Storch - AQUI

Youtube - Simone Arrojo - AQUI

** Caso você se interesse por comprar qualquer um destes, sugiro que pesquise no Sebo Estante Virtual
 e no buscador de preços  Buscapé. **





"Somente quando estamos em sintonia com nosso destino, com os nossos pais, com a nossa origem e tomamos nosso lugar, temos a força." Bert Hellinger


Fica o convite pra você conhecer e participar das Constelações comigo em Novo Hamburgo e Porto Alegre! Confere todas datas aqui.

E dia 01/Out teremos o Workshop Relacionamentos Afetivos - Desvendando os vínculos ocultos. Prepara o coração e vem nessa aventura! <3 Evento no Facebook


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Um super Beijo com gratidão, 
Vívian Pires